17.7.2023

Reconstrução de solos pode ajudar na descarbonização de áreas mineradas

Tecnossolos contribuem com o sequestro de carbono da mineração, além de terem potencial para a destinação de resíduos sólidos da atividade

Escrito por
Jornal da USP
fotografia
Oferecido por
Imagem de equipamentos de construção em um campo de terra.
Foto:
Dominik Vanyi/ Unsplash

Estudo recente da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP destaca que mais de 5 milhões de hectares no Brasil são atualmente destinados à mineração, cuja exploração é marcada pelo alto impacto ao meio ambiente e elevadas emissões de gases de efeito estufa. Apenas em 2020, a cadeia da siderurgia emitiu 107,6 milhões de toneladas de gás carbônico - o que representou 5% das emissões totais brasileiras.  

Em artigo na Earth & Environment, os pesquisadores sugerem ser possível reaver parte dos estoques de carbono perdidos na atividade a partir da reconstrução de solos nas regiões mineradas. 

As emissões de gases do efeito estufa no Brasil, como o gás carbônico, têm sido um problema crescente no país. Os dados mais recentes sobre o tema são do ano de 2021, quando as emissões atingiram a maior alta dos últimos 19 anos: 2,42 bilhões de toneladas brutas de CO2, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).

O trabalho alerta que apenas as emissões relacionadas ao processamento mineral, como o consumo de combustíveis e eletricidade, têm sido quantificadas nos estudos tradicionais. Enquanto isso, emissões indiretas resultantes da remoção de solo e vegetação, por exemplo, permanecem desconhecidas, apesar de sua relevância. 

As áreas de mineração armazenam cerca de 2,5 gigatoneladas de CO2 equivalente, ou seja, na forma de biomassa vegetal e matéria orgânica. Caso a vegetação e o solo sejam removidos para a atividade mineradora, essas gigatoneladas encontram-se sob risco de serem emitidas para a atmosfera na forma de CO2 devido à decomposição desses materiais. 

“Recuperar esse estoque de carbono é, portanto, de extrema importância. Nesse contexto, exploramos a possibilidade de recuperar tais estoques por meio da reconstrução de solos nas áreas mineradas”, comentou um dos autores do estudo, professor Tiago Osório Ferreira, do Departamento de Ciência dos Solos da Esalq.

Ele explica que esses solos, conhecidos como tecnossolos, podem ser construídos com diversos materiais provenientes das atividades humanas - incluindo resíduos e rejeitos industriais, urbanos e de mineração, desde que possuam as propriedades adequadas. “Essa pesquisa estima que até 60% do carbono perdido do solo possa ser recuperado através da construção de tecnossolos”, afirma o professor. 

Além do sequestro de carbono, os tecnossolos têm a capacidade de restaurar serviços providos por solos naturais que são perdidos devido à mineração, como a produção de alimentos e energia, proteção da biodiversidade, regulação da qualidade do ar e da água, e reciclagem de nutrientes. Por serem construídos a partir de resíduos e rejeitos, também apresentam grande potencial para a destinação de resíduos sólidos, reduzindo o risco dos impactos ambientais associados a estes.

Para acessar o estudo completo clique aqui

Gostou das histórias que você viu por aqui?

Inscreva-se para ficar sempre em dia com o melhor do nosso conteúdo
No items found.
escrito por
Jornal da USP
Jornal da USP
O Jornal da USP é uma publicação da Superintendência de Comunicação Social com notícias diárias sobre a Universidade de São Paulo.
fotografado por
Jornal da USP
voltar ao topo