16.4.2024

Poluição plástica: oito em cada dez pessoas concordam com a proibição de descartáveis, mostra WWF

No Brasil, 85% das pessoas defendem a adoção de medidas para reduzir o uso de plásticos perigosos para a vida selvagem

Escrito por
Sabrina Brito
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Cardume de peixes na água poluída com plásticos
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Naja Bertolt Jensen/ Unsplash

Plásticos descartáveis representam mais de 70% da poluição dos oceanos. Esse tipo de composto representa uma verdadeira preocupação ambiental, uma vez que gera grandes quantidades de um resíduo que leva muito tempo para se decompor. Um novo levantamento do WWF buscou apontar o tamanho da preocupação que o consumidor sente em relação à proliferação desse material pelo mundo.

Em uma pesquisa global sobre o tema, realizada pela Ipsos, mais de 24.000 pessoas em 32 países foram entrevistadas. Como resultado, o estudo indicou que 85% dos indivíduos acreditam que um tratado global sobre poluição plástica, a ser concluído em breve, deveria proibir os plásticos descartáveis. O acordo vem sendo discutido desde 2022 por 175 países da ONU.

Não é diferente para o consumidor brasileiro. Aqui, também 85% dos entrevistados dizem achar importante que as regras globais exijam que a produção mundial de plástico seja diminuída. 

Já 86% afirmam que essas normas devem exigir a proibição de substâncias químicas usadas em plásticos que sejam perigosas para a saúde humana, a vida selvagem e o meio ambiente. Ainda, mais de oito em cada dez brasileiros também afirmam que o uso de plásticos descartáveis desnecessários, com maior chance de se tornarem poluição, devem ser proibidos.

De acordo com o gerente de políticas públicas do WWF-Brasil, Michel Santos, a preocupação dos brasileiros está ligada à ineficiência das atuais políticas e à falta de atuação do setor produtivo. 

“Embora tenhamos uma política nacional de resíduos sólidos, as diretrizes são vagas e algumas iniciativas legislativas são aplicadas apenas em nível subnacional, implicando num crescimento cada vez maior de poluição plástica”, declarou.

Alguns países pelo mundo têm avançado no que diz respeito a esse tipo de poluição. Em 2008, por exemplo, Ruanda interditou o uso de sacolas e garrafas plásticas de uso único. Mais recentemente, em 2024, a Nigéria declarou a ilegalidade das embalagens de isopor, dando início à proibição gradual dos plásticos descartáveis.

Segundo a Folha de S. Paulo, a União Europeia está em uma situação semelhante. Até o ano de 2030, o grupo proibiu a utilização de embalagens plásticas de uso único em cafés e restaurantes. Os deputados do bloco decidiram ainda fixar como objetivo uma diminuição de 5% no volume total de resíduos de embalagens plásticas na UE até 2030. O número passará para 10% até 2035 e para 15% até 2040.

No Brasil, a situação não é a mesma. De acordo com a pesquisa do WWF, o consumo de plástico no país está em alta. O país despeja até 3,4 milhões de resíduos plásticos nos mares a cada ano, contribuindo para a poluição que pode ser letal para diversos seres vivos que têm nos oceanos a sua morada. Com a poluição, prejudica-se a capacidade dos ecossistemas de lidarem com a mudança climática.

Mas há iniciativas promissoras acontecendo no Brasil. Atualmente, o Projeto de Lei Oceano sem Plástico, aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais no Senado Federal, prevê soluções para a poluição por plásticos a partir de medidas relacionadas à economia circular. 

No último dia 4, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, José Paulo Ribeiro Capobianco, reafirmou seu apoio ao PL, o qual caracterizou como prioridade.

Não significa que é suficiente. Segundo um estudo do WWF de 2019, o Brasil é a quarta nação que mais gera lixo plástico no mundo, apontando para uma necessidade de mudança urgente. Caso contrário, lixões e mares ficarão cada vez mais cheios de plástico, material altamente poluente e de difícil degradação.

Se tratados como o da ONU e legislações como o PL Oceano sem Plástico não avançarem – e logo –, veremos uma destruição e poluição cada vez maiores do meio ambiente. Para quem quer habitar um planeta saudável e limpo, não se trata do caminho certo a percorrer.

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Sabrina Brito
Sabrina Brito
Jornalista formada pela ECA-USP e graduanda em Direito pela PUC-SP
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