16.2.2024

Ondas de calor marinhas no Ártico acendem alerta para cientistas

Mudanças na temperatura das águas podem significar prejuízos à fauna e à humanidade

Escrito por
Sabrina Brito
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Visão panorâmica de icebergs
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Willian Justen de Vasconcellos/ Unsplash

Com a intensificação do aquecimento global causada pelas ações humanas, ondas de calor têm sido registradas por todo o mundo, aumentando temperaturas e gerando desde prejuízos à fauna até problemas de saúde em animais e seres humanos. Agora, porém, novos estudos apontam para a ocorrência de ondas de calor marinhas que atingem inclusive os locais mais frios da Terra.

Uma pesquisa recente da Universidade de Hamburgo, na Alemanha, publicada na revista científica Nature Communications Earth & Environment, apontou que ondas de calor marinhas se tornarão incidentes regulares no Ártico no futuro próximo, sendo produto de um aumento nas emissões de gases de efeito estufa pelo homem. De acordo com os pesquisadores, entre os anos de 2007 e 2021, determinadas zonas do Oceano Ártico passaram por onze ondas desse tipo, levando a um aumento médio de 2,2 graus Celsius na temperatura média dessas regiões, durando, em média, 37 dias.

O incidente mais poderoso ocorreu em 2020, ao longo de 103 dias. Os picos de temperatura bateram os 4ºC acima da média. Segundo os cientistas envolvidos no projeto, as chances de isso acontecer sem qualquer interferência humana na emissão de gases de efeito estufa seria de menos de 1%.

A preocupação com as ondas de calor marinhas é tamanha que algumas entidades criaram aplicativos e softwares capazes de monitorá-las em tempo real, atribuindo a cada onda sua intensidade. Assim, cientistas e cidadãos comuns podem entrar em sites e verificar se as regiões próximas de onde vivem, por exemplo, estão passando por aumentos anormais da temperatura.

Mas o Oceano Ártico não é o único corpo de água que tem experimentado ondas de calor. Em meados de 2023, porções do Mar do Norte passaram por ondas de calor marinho caracterizadas como extremas, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA). Em algumas áreas, a água ficou até 5ºC mais quente do que o normal. No mesmo ano, os meses de abril e maio registraram as temperaturas de superfície oceânica mais altas já vistas desde que os registros começaram, em 1850.

Em setembro do mesmo ano, especialistas em oceanos de diversas partes do mundo divulgaram uma declaração conjunta alertando sobre as ondas de calor marinhas inéditas vistas em 2023, apontando para o risco de elas levarem a prejuízos consideráveis na biodiversidade e na produção de secas e grandes tempestades tropicais.

E tudo indica que o problema não está próximo do fim. Segundo o estudo da Universidade de Hamburgo, ondas de calor marinhas serão a norma no Ártico. Para o pesquisador responsável pelo trabalho, Armineh Barkhordarian, o ano de 2007 marca o início de uma nova fase para o Ártico. Isso porque existe cada vez menos gelo grosso e antigo, enquanto a quantidade de gelo fino e sazonal está crescendo. Este derrete mais rápido do que aquele, permitindo, de certa forma, que a radiação solar esquente a superfície terrestre de forma mais eficaz.

Em um planeta onde cerca de um bilhão de pessoas dependem do oceano para obter sua principal fonte de proteína, mudanças nas temperaturas das águas, que podem facilmente impactar cadeias alimentares, são especialmente perigosas. Assim, ondas de calor marinhas são fontes significativas de preocupação, acendendo alertas para cientistas de todo o mundo.

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Sabrina Brito
Sabrina Brito
Jornalista formada pela ECA-USP e graduanda em Direito pela PUC-SP
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