19.10.2023

Mata Atlântica: um dos biomas mais ameaçados do Brasil luta pela sobrevivência

Com uma das maiores concentrações de biodiversidade no mundo, o bioma é foco de iniciativas para promover a recuperação de áreas desmatadas

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Sabrina Brito
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Imagem de caminho no meio da floresta.
Foto:
Daniel Vianna/ MTUR
Parque Nacional Rio da Onça, em Matinhos, no Paraná: remanescente de Mata Atlântica.

A Mata Atlântica é um dos biomas mais conhecidos do Brasil. Repleto de inúmeras espécies de animais e vegetais, o ecossistema foi recentemente considerado como sendo o de maior número de hotspots de restauração no mundo por um estudo publicado no periódico científico Science Advances.

Isso significa que o bioma conta com a maior quantidade de áreas de grande biodiversidade e características que o tornam extremamente viável para a realização de projetos de restauração. Quando se leva em consideração que o ecossistema possui apenas cerca de 12% de sua cobertura original, percebe-se a importância de projetos que visem sua reabilitação.

Originalmente, a Mata Atlântica ocupava 15% do território brasileiro, abrangendo estados como Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Piauí. A área total de cobertura correspondia a mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados. Atualmente, porém, as porções do território brasileiro que ainda possuem trechos de Mata Atlântica tendem a ser bastante fragmentadas.

Estima-se que esse bioma abrigue de 1% a 8% de toda a biodiversidade mundial, apontando para a sua magnitude biológica no cenário internacional. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, podem ser encontrados na Mata Atlântica aproximadamente 20.000 espécies de vegetais, 850 espécies de aves, 270 espécies de mamíferos e muito mais. Entre os animais que habitam esse ecossistema, está o mico-leão-dourado, primata que se tornou símbolo da Mata Atlântica.

Um dos maiores problemas enfrentados pelo bioma é o desmatamento, que assola as principais regiões de cobertura do ecossistema. Somente entre 2020 e 2021, a perda de florestas da região foi equivalente a mais de 20.000 campos de futebol.

Em decorrência dessa destruição, animais e plantas sofrem com a perda de seu habitat – quase 400 dos 633 animais ameaçados de extinção no Brasil vivem nesse ambiente, segundo dados da organização SOS Mata Atlântica e do Instituto Brasileiro de Florestas.

Com o objetivo de combater o desmatamento e impulsionar a restauração de áreas afetadas, o Ministério Público do Paraná iniciou, em 2016, a operação Mata Atlântica em Pé. Hoje, o programa abrange diversas porções do território nacional. Em Santa Catarina, foram aplicadas multas de R$ 2,8 milhões por meio de fiscalizações da floresta. Já em Minas Gerais, o valor ultrapassou os R$ 9 milhões.

A preocupação com a Mata Atlântica é tamanha que inspirou a criação de organizações e leis que visam protegê-las. Bons exemplos são a própria SOS Mata Atlântica e a Lei da Mata Atlântica. A primeira é uma ONG que atua na promoção de políticas públicas ligadas ao bioma, no engajamento de pessoas e na geração de conhecimento. Sua missão é definida da seguinte forma: inspirar a sociedade na defesa da Mata Atlântica. Já a segunda é uma lei editada em 2006 que tem por meta a conservação, proteção, regeneração e utilização do ecossistema, consagrado patrimônio nacional pela Constituição.

Ainda nesse sentido, pesquisas apontam que a Mata Atlântica possui um lugar de destaque para a restauração, sobretudo no aspecto do custo-benefício.

Um estudo do Instituto Internacional de Sustentabilidade com apoio do WRI Brasil apontou aproximadamente 5 milhões de hectares de áreas que deveriam ser prioridade para a restauração, a qual poderia levar não só à preservação de espécies em risco, mas ainda melhorar a qualidade da água e criar empregos no plantio de árvores e manejo de sementes, por exemplo.

Assim, percebe-se que a Mata Atlântica é um bioma tão importante nos cenários nacional e mundial que mobiliza diversos esforços para proteger e restaurar as áreas abrangidas por ele. Seja por meio de esforços governamentais ou graças à ajuda de ONGs, nota-se que é essencial tentar resguardar o que sobrou desse ecossistema, de modo a preservar as espécies vegetais e animais que lá habitam.

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Sabrina Brito
Sabrina Brito
Jornalista formada pela ECA-USP e graduanda em Direito pela PUC-SP
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