11.9.2023

Imagens de satélite são novidade para monitorar recuperação de áreas impactadas pela mineração em Carajás, no Pará

Uma das áreas em recuperação analisadas já contém 97% de carbono fixado no solo em comparação ao estoque do solo de floresta nativa

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Agência Bori
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Imagem de um caminhão fora de estrada estacionado em uma mina a céu aberto.
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omid roshan/ Unsplash

O processo de análise de solos tradicionalmente pode ser dividido em três etapas: amostragem do solo, análise em laboratório e interpretação dos resultados, mas um grupo de pesquisadores foi além. Cientistas do Instituto Tecnológico Vale (ITV) utilizaram imagens de satélite para avaliar a recuperação ambiental no Complexo Mineral Carajás, no Pará.

Por meio da análise de diferentes intervalos de ondas do satélite WorldView, as imagens indicaram que um dos locais, em recuperação há 8 anos, apresenta um índice de 97% de carbono estocado em relação ao solo de florestas nativas do local. O estudo foi publicado nesta segunda (11) na revista “Environment, Development and Sustainability”.

A novidade que permitiu o uso de satélite para esse tipo de estudo acelera a obtenção de informações sobre a degradação do solo, assim como sua recuperação.

“Estudos de indicação de atributos do solo a partir de imagens de satélite vêm se consolidando. Porém, há limitação de estudos na Amazônia, especialmente em áreas degradadas pela mineração. A indicação e o mapeamento dos atributos do solo, como o estoque de carbono orgânico, devem reduzir os custos com o uso de produtos químicos utilizados em análises feitas pelo método convencional, além de melhorar a visualização dos dados em campo e auxiliar no monitoramento”, explica Silvio Ramos, pesquisador do ITV e um dos autores do estudo.

Carajás é a maior mina de extração de minério de ferro ao ar livre do mundo, explorada desde a década de 1970, causando relevantes impactos no solo e que estão em processo de recuperação.

O resultado do estudo aponta o sucesso que iniciativas para recuperação ambiental podem ter diante da degradação causada por atividades como a mineração. “Apesar da importância do carbono no solo, algumas outras variáveis devem ser analisadas, como as relacionadas à vegetação, à biomassa vegetal e à atividade microbiana do solo”, ressalta Ramos.

Ramos relata que um dos principais processos para manutenção da fertilidade é a mineralização da matéria orgânica presente no solo. É a decomposição de matéria orgânica que garante os elementos essenciais para o desenvolvimento da vegetação e da biodiversidade.

O artigo demonstra ainda que no solo em recuperação com elevado índice de carbono também havia um alto índice de elementos como nitrogênio, potássio e boro, muito presentes em solos de floresta nativa.

O estudo aponta que, conforme avançam as tecnologias para monitoramento de impactos no meio ambiente, como na Amazônia, também os processos de recuperação de áreas degradadas ficarão mais efetivos e menos onerosos.

Apesar de não substituir a análise convencional, as análises de solo por satélite podem ajudar no manejo das áreas em recuperação em que não foram realizadas amostragens.

Ou seja, o acompanhamento dos níveis de estoque de carbono no solo é importante para comparar com outras áreas de floresta e verificar se as ações e projetos de recuperação de determinadas áreas estão sendo adequados ou se precisam ser ajustados, atingindo os objetivos traçados e utilizando os recursos da melhor forma possível.

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