21.11.2023

Logística reversa: reciclagem e reutilização são mecanismos lucrativos e sustentáveis

Estratégia é de difícil aplicação, mas essencial para proteger o meio ambiente; em alguns setores, Brasil sai à frente

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Sabrina Brito
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Em um mundo de crescente consumo, as quantidades de resíduos sendo geradas também são progressivamente maiores. Anualmente, bilhões de reais são perdidos em resíduos recicláveis que acabam em lixões – isso sem falar no potencial ambiental que é desperdiçado e no dano ambiental que é causado pelo descarte. 

Uma das soluções mais frequentemente consideradas para facilitar o retorno de produtos e materiais após o consumo, fortalecendo a sustentabilidade e mitigando impactos ao meio ambiente, é a logística reversa.

Trata-se de um mecanismo de desenvolvimento econômico e social que envolve diversas ações. O objetivo é viabilizar a coleta e o retorno dos resíduos sólidos às empresas e indústrias após seu uso pelo consumidor final com o fim de reaproveitá-los, seja em seu próprio ciclo produtivo, seja em outro. 

A Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei 12.305/2010, traz algumas obrigações para fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes. Para aqueles cujos produtos venham em embalagens que, após o uso, gerem resíduos perigosos, por exemplo, existe a obrigação de investir na colocação no mercado de produtos aptos à reutilização, reciclagem ou outra forma de destinação ambientalmente adequada e cuja fabricação e uso gerem a menor quantidade de resíduos sólidos possível. Há ainda diretrizes que indicam a importância da divulgação de informações relativas às formas de evitar, reciclar e eliminar os resíduos sólidos associados a cada produto.

Existe muito dinheiro a ser ganho com a logística reversa. O Grupo Seiva, por exemplo, que trabalha com a reutilização de vidro e produtos em PET, viu seu faturamento crescer até atingir R$ 3,5 milhões de reais em 2022. Já a startup Yattó, que investe na estrutura de cooperativas para a reciclagem de resíduos, chegou a triplicar seu faturamento, que se tornou milionário.

Apesar dos incentivos ambientais e financeiros para investir na logística reversa, ainda há muito o que fazer. É certo que, em alguns setores, o mecanismo funciona muito bem no Brasil. Por exemplo: o país é considerado líder mundial na reciclagem pós consumo de latinhas de alumínio, com bilhões delas sendo recicladas todos os anos. O sucesso da reciclagem desse material se deve, principalmente, à ação dos catadores nas ruas. Outras categorias, porém, não tiveram a mesma sorte.

Treze anos após a publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, alguns âmbitos da economia encontram grande dificuldade em implementar a logística reversa. Há alguns motivos para tanto. 

Primeiramente, existem obstáculos quanto à implementação de pontos de coleta de alguns produtos, como de medicamentos ou baterias. Além disso, há adversidades na implantação da logística reversa em locais afastados dos grandes centros urbanos ou de plantas de reciclagem. 

Por fim, existe a grande questão do descarte incorreto: muitas pessoas estão acostumadas a jogar seu lixo em determinado local, e mudar esse tipo de comportamento pode ser bastante demorado e difícil. Nesse sentido, investir na educação do público e informá-lo acerca da importância da reutilização e da reciclagem para o meio ambiente pode ser uma importante ferramenta.

Percebe-se, assim, que se trata de uma espécie de responsabilidade compartilhada. O cidadão e consumidor fica responsável pelo descarte de resíduos nos locais e condições estabelecidos. Às empresas, por sua vez, cabe gerenciar corretamente esses bens, reincorporando-os à cadeia produtiva e evitando a poluição. Cabe, ainda, ao poder público trabalhar com a conscientização do cidadão e fiscalizar o processo.

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Sabrina Brito
Sabrina Brito
Jornalista formada pela ECA-USP e graduanda em Direito pela PUC-SP
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