14.9.2023

Hidrogênio verde: como uma nova forma de criar combustível pode ajudar o planeta

Novos investimentos chamam a atenção para o setor de energia renovável, que tem grande potencial no Brasil

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Sabrina Brito
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Imagem de uma lâmpada no gramado.
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Ashes Sitoula/ Unsplash

No dia 7 de setembro, a Comissão de Financiamentos Externos, parte do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, aprovou um financiamento total de 2,2 bilhões de dólares, que serão divididos entre diversos projetos.

Um deles – talvez o mais discutido entre especialistas ambientais – é o investimento de 90 milhões de dólares no Complexo do Pecém, que terá como objetivo principal a realização de obras de infraestrutura para receber o Hub de Hidrogênio Verde.

O Complexo do Pecém é definido como “um espaço de impulsionamento e crescimento no Ceará”, que abrange uma área industrial, uma zona de processamento de exportação e um porto.

Com a entrada de novos recursos, pretende-se instalar uma infraestrutura básica para a instalação de corredores de utilidades, a expansão do Terminal de Múltiplas Utilidades do porto, com um novo berço de atracação, e a expansão do Píer 2.

O propósito do investimento é acelerar a aplicação de capitais na produção de hidrogênio verde, formado por energia renovável ou energia de baixo carbono e capaz de impulsionar a descarbonização do planeta.

O hidrogênio verde é um combustível universal e muito reativo, obtido por meio do processo químico da eletrólise, que se baseia na separação do hidrogênio e do oxigênio presentes na água por meio de uma corrente elétrica.

Assim, se a eletricidade utilizada for advinda de fontes renováveis, será possível produzir energia sem jogar ainda mais dióxido de carbono na atmosfera, uma vez que o único subproduto dessa reação química é a água. Os principais destinos do hidrogênio verde costumam ser a produção de fertilizantes agrícolas e de produtos farmacêuticos.

De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), o hidrogênio verde seria capaz de gerar 3.000 TWh de energia renovável adicionais anualmente, o que equivale à atual demanda elétrica de todo o continente europeu.

Em um cenário em que a AIE espera um aumento da demanda mundial de energia na casa dos 25% a 30% até 2040, isso poderia apontar para um futuro significativamente mais sustentável.

Até agora, o Hub de Hidrogênio Verde do Ceará conta com a assinatura demais de 30 memorandos que envolvem empresas do Brasil até a Austrália e preveem a aplicação de recursos bilionários na região. O governo cearense também aderiu ao Pacto do Hidrogênio Renovável, impulsionado por duas das maiores organizações da área.

É importante ter em mente, porém, que existem alguns obstáculos à popularização do uso de hidrogênio verde. Um dos maiores empecilhos nesse sentido é o seu alto custo de produção, que excede significativamente o de outras fontes energéticas.

Contudo, sabe-se que a tendência para o futuro próximo é de que o preço da energia sustentável caia com o tempo – o custo da energia solar caiu em dez vezes ao longo de uma década, por exemplo, enquanto o da energia eólica foi cortado pela metade.

Aliada ao fato de que, conforme a BloombergNEF, a demanda por hidrogênio verde pode bater as 700 milhões de toneladas até 2050, a perspectiva aponta para um futuro de grandes oportunidades financeiras e ambientais para quem investir no ramo.

E há boas notícias para os brasileiros: segundo uma pesquisa do Instituto Fraunhofer ISE, o Brasil, junto com nações como a Colômbia e a Austrália, figura entre os países que oferecem os melhores custos para a produção e exportação de hidrogênio verde para a Europa.

O Brasil já é um expoente mundial quando o assunto é produção de energia renovável, a qual representa cerca de 87% de toda a energia usada em território brasileiro. Ainda assim, levando em consideração o que sugerem os estudos, ainda há bastante espaço para melhorias.

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Sabrina Brito
Sabrina Brito
Jornalista formada pela ECA-USP e graduanda em Direito pela PUC-SP
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